Ao imaginarmos o microcosmos que habita nosso organismo e mais, como ele pode estar exposto durante uma operação, iremos valorizar muito as empresas e os especialistas que cuidam da limpeza dos hospitais, bem como aqueles profissionais que mantém limpos os instrumentos manipulados por cirurgiões e médicos.
Segundo um levantamento apresentado neste ano em Congresso* por Mary Jo Steiert – Director of Perioperative Services St. Anthony’s North Health Campus Westminster, entre 40 a 60% das chamadas SSIs – Surgical Site Infections ou infecções em ambientes cirúrgicos podem ser evitadas. Dados trazidos por Steiert mostram que uma pessoa comum pode carregar de 4 a 10 mil partículas de sujeira por minuto (Berry & Kohn’s, Operating Room Technique). A proposta da Diretora, bem como de muitos pesquisadores, é incentivar cada vez mais a consciência da limpeza do ambiente cirúrgico, uma simples escova de 4 mm que limpa cânulas utilizadas em cirurgias comuns pode significar muito contra agentes infecciosos.
A limpeza manual de artigos canulados pode ser entendida como sendo a remoção mecânica da sujidade de artigos que apresentam lúmen. Deve ser executada através de fricção com uso de escovas apropriadas e de soluções de limpeza, que deve ser feita de maneira rigorosa e criteriosa objetivando a redução da carga microbiana, remoção de sujidades, de contaminantes de natureza orgânica e inorgânica, bem como a manutenção da vida útil do instrumento.
O detergente enzimático recomendado deve possuir no mínimo 03 enzimas (proteases, lípases e amilases), pH neutro e que espume pouco. Não se recomenda a mistura com outros produtos, pelo fato de reduzir a eficiência da limpeza e aumento do risco de formação de produtos tóxicos. Para remoção de sujidades, deve-se lavar o instrumental cuidadosamente com uma escova de cerda macia, visando à remoção de crostas ou quaisquer tipos de resíduos depositados. Para lavagem dos lúmens, recomenda-se a utilização de escovas tubulares com o diâmetro compatível com o artigo, realizando movimentos circulares sob jatos de água evitando a formação de aerossóis de micro-organismos (aqueles transmitidos pelo ar, como pelo espirro, torre, por exemplo).
Limpar dispositivos canulados leva tempo, paciência e um certo know-how também. Quer se trate de detritos residuais que permanecem nos lumens e que podem ser tão pequenos e longos, todo os instrumentos cirúrgicos canulados são um desafio para reprocessar.
Vamos observar o que recomenda a ANVISA – De acordo com a ANVISA, ART. 67 NO CME CLASSE II E NA EMPRESA PROCESSADORA, a limpeza de produtos para saúde com conformações complexas deve ser precedida de limpeza manual e complementada por limpeza automatizada em lavadora ultrassônica ou outro equipamento de eficiência comprovada. Para produtos para saúde cujo lúmen tenha diâmetro interno inferior a cinco milímetros é obrigatório que a fase automatizada da limpeza seja feita em lavadora ultrassônica com conector para canulados e que utilize tecnologia de fluxo intermitente. art. 68 o enxágue dos produtos para saúde deve ser realizado com água que atenda aos padrões de potabilidade definidos em normatização específica. Parágrafo único. O enxágue final de produtos para saúde críticos utilizados em cirurgias de implantes ortopédicos, oftalmológicos, cirurgias cardíacas e, neurológicas, deve ser realizado com água purificada.
Essa é a função das escovas para limpeza de canulados. São escovas para limpeza de instrumentos e auxiliam na limpeza manual do interior dos materiais canulados. Essa ação mecânica é essencial para limpeza dos materiais médicos; e são estas escovas circulares que garantem tal ação mecânica dentro dos materiais canulados.
Estes tais materiais canulados são instrumentos médicos hospitalares fabricados em plástico ou em aço inox que apresentam orifícios de difícil acesso como: cânulas, bicos ou pontas de aspiradores cirúrgicos, seringas para anestesia, trocáteres para laparoscopia e artroscopia bem como ópticas para endoscopia. Após a limpeza completa e esterilização eles são encaminhados, como determinam as normas de Saúde, para a C.M.E. (Central de Material e Esterilização) de cada unidade hospitalar.
Como funcionam as diversas etapas de higienização e esterilização dos canulados:
Como ocorre a lavagem:
Materiais:
Processo manual e de desinfecção:
Um relato breve sobre como é o dia a dia de quem cuida dos instrumentos cirúrgicos:
Dennis Lafferty and Alice Holland são dois técnicos do Akron Children’s Hospital (Ohio) – um dos masis conceituados hospitais pediátricos dos Estados Unidos. Ambos começam o dia às 6h30min.
Holland remove as bandejas de instrumentos de carrinhos e limpa qualquer sujeira visível e sangue dos instrumentos cirúrgicos. Qualquer coisa que possa se infiltrar ou ser absorvido nas dobras de determinados instrumentos. Escovas próprias para o formato e tamanho minúsculo destes orifícios são usadas na limpeza. Ferramentas canuladas são ainda limpas com uma seringa.
“Itens que são frágeis e contêm fibra óptica devem ser manuseados delicadamente”, disse Holland. “Assim que eu lavar à mão estes itens, eu devo secá-los com um compressor de ar filtrado e enviá-los para a autoclave para esterilizar.”
Tanto Hollanda quanto Lafferty são técnicos certificados nas centrais registradas (CRCST) com 12 e 15 anos, respectivamente, no campo. Ambos atingiram sua certificação através da Associação Internacional de Saúde Central de Material Management Service.
Somente 4 Estados norte-americanos, atualmente, possuem este mandato de certificação para o emprego, o Akron exige a certificação como uma condição de emprego, bem como 12 horas de créditos de educação continuada a cada ano para manter a certificação.
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